第2章 Gon?alves Dias(1823—1864)
- 巴西詩(shī)選(中葡對(duì)照)
- 治程譯注
- 1223字
- 2021-04-22 09:48:15
貢薩爾維斯·迪亞斯,巴西詩(shī)人、民族學(xué)家,還曾從事記者和律師職業(yè)。他被認(rèn)為是巴西第一代浪漫主義最杰出的詩(shī)人,也是巴西文學(xué)史上最重要的作家之一。1823年出生于巴西馬拉尼昂州,父親是葡萄牙人,母親是混血種人,他的身體里流淌著白人、印第安人和黑人的血液,所以他的作品中展現(xiàn)著印第安主義、民族主義和愛(ài)國(guó)主義精神并富有浪漫主義色彩。在迪亞斯的詩(shī)歌中充滿對(duì)祖國(guó)深厚的愛(ài),特別是當(dāng)他遠(yuǎn)離家鄉(xiāng)時(shí),這種情感便愈加強(qiáng)烈,那一首詩(shī)人最具代表性的作品,也是每個(gè)巴西人耳熟能詳?shù)拿读魍鲋琛?,就是?843年在葡萄牙時(shí)所創(chuàng)作的,可見(jiàn)其心。
Can??o do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
N?o gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
ANTOLOGIA
POESIA
BRASILEIRA
Em cismar, sozinho,à noite, Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais n?o encontro eu cá;Em cismar, sozinho,à noite, Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
N?o permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que n?o encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Ainda Uma Vez-Adeus
I
Enfim te vejo!-enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que n?o cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei!Cruas ansias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A n?o lembrar-me de ti!
II
Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Bald?o, ludíbrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males n?o sente,
Nem se condói do infeliz!
III
Louco, aflito, a saciar-me
D'agravar minha ferida,
Tomou-me tédio da vida,
Passos da morte senti;
Mas quase no passo extremo,
No último arcar da esp'ran?a,
Tu me vieste à lembran?a:
Quis viver mais e vivi!
IV
Vivi;pois Deus me guardava
Para este lugar e hora!
Depois de tanto, senhora,
Ver-te e falar-te outra vez;
Rever-me em teu rosto amigo,
Pensar em quanto hei perdido,
E este pranto dolorido
Deixar correr a teus pés.
V
Mas que tens?N?o me conheces?
De mim afastas teu rosto?
Pois tanto p?de o desgosto
Transformar o rosto meu?
Sei a afli??o quanto pode,
Sei quanto ela desfigura,
E eu n?o vivi na ventura……
Olha-me bem, que sou eu!
VI
Nenhuma voz me diriges!
Julgas-te acaso ofendida?
Deste-me amor, e a vida
Que me darias-bem sei;
Mas lembrem-te aqueles feros
Cora??es, que se meteram
Entre nós;e se venceram,
Mal sabes quanto lutei!
VII
Oh!se lutei!……mas devera
Expor-te em pública pra?a,
Como um alvo à popula?a,
Um alvo aos dictérios seus!
Devera, podia acaso
Tal sacrifício aceitar-te
Para no cabo pagar-te,
Meus dias unindo aos teus?
VIII
Devera, sim;mas pensava,
Que de mim t'esquecerias,
Que, sem mim, alegres dias
T'esperavam;e em favor
De minhas preces, contava
Que o bom Deus me aceitaria
O meu quinh?o de alegria
Pelo teu, quinh?o de dor!
IX
Que me enganei, ora o vejo;
Nadam-te os olhos em pranto,
Arfa-te o peito, e no entanto
Nem me podes encarar;
Erro foi, mas n?o foi crime,
N?o te esqueci, eu to juro:
Sacrifiquei meu futuro,
Vida e glória por te amar!
X
Tudo, tudo;e na miséria
Dum martírio prolongado,
Lento, cruel, disfar?ado,
Que eu nem a ti confiei;
"Ela é feliz(me dizia)
"Seu descanso é obra minha."
Negou-me a sorte mesquinha……
Perdoa, que me enganei!
XI
Tantos encantos me tinham,
Tanta ilus?o me afagava
De noite, quando acordava,
De dia em sonhos talvez!
Tudo isso agora onde pára?
Onde a ilus?o dos meus sonhos?
Tantos projetos risonhos,
Tudo esse engano desfez!
XII
Enganei-me!……-Horrendo caos
Nessas palavras se encerra,
Quando do engano, quem erra.
N?o pode voltar atrás!
Amarga irris?o!reflete:
Quando eu gozar-te pudera,
Mártir quis ser, cuidei qu'era……
E um louco fui, nada mais!
XIII
Louco, julguei adornar-me
Com palmas d'alta virtude!
Que tinha eu bronco e rude
C'o que se chama ideal?
O meu eras tu, n?o outro;
Stava em deixar minha vida
Correr por ti conduzida,
Pura, na ausência do mal.
XIV
Pensar eu que o teu destino
Ligado ao meu, outro fora,
Pensar que te vejo agora,
Por culpa minha, infeliz;
Pensar que a tua ventura
Deus ab eterno a fizera,
No meu caminho a pusera……
E eu!eu fui que a n?o quis!
XV
és doutro agora, e pr'a sempre!
Eu a mísero desterro
Volto, chorando o meu erro,
Quase descrendo dos céus!
Dói-te de mim, pois me encontras
Em tanta miséria posto,
Que a express?o deste desgosto
Será um crime ante Deus!
XVI
Dói-te de mim, que t'imploro
Perd?o, a teus pés curvado;
Perd?o!……de n?o ter ousado
Viver contente e feliz!
Perd?o da minha miséria,
Da dor que me rala o peito, E se do mal que te hei feito,
Também do mal que me fiz!
XVII
Adeus qu'eu parto, senhora;
Negou-me o fado inimigo
Passar a vida contigo,
Ter sepultura entre os meus;
Negou-me nesta hora extrema,
Por extrema despedida,
Ouvir-te a voz comovida
Solu?ar um breve Adeus!
XVIII
Lerás porém algum dia
Meus versos d'alma arrancados,
D'amargo pranto banhados,
Com sangue escritos;-e ent?o
Confio que te comovas,
Que a minha dor te apiade
Que chores, n?o de saudade,
Nem de amor,-de compaix?o.